BRASÍLIA - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva mandou ontem o PT colocar um "ponto final" na idéia de um terceiro mandato consecutivo. Em encontro na manhã de ontem com os presidentes da Câmara, Arlindo Chinaglia, e do PT, Ricardo Berzoini, ele determinou o fim da polêmica, levantada por setores do partido num momento em que o governo negocia com o PSDB a proposta de prorrogar a vigência da CPMF. Constrangido, o deputado Ricardo Berzoini teve de dar uma entrevista no Palácio do Planalto, logo depois do encontro, para apresentar a posição oficial do partido. "É importante colocar um ponto final em uma pauta que é absolutamente artificial", afirmou. "Não há, por parte do PT, nenhuma movimentação nesse sentido". Logo depois da entrevista de Berzoini, Lula perguntou a assessores se a polêmica do terceiro mandato estaria encerrada. A resposta unânime foi que a mídia continuaria com a "bobagem" de que ele quer ficar mais tempo no poder. Um ministro avaliou que a "fabulação" atrapalha o governo e o próprio presidente, que ficam reféns da questão. "Essa proposta dá idéia de que somos uma republiqueta", afirmou o ministro. "Isso incomoda o presidente, pois não adiantou ele negar 80 vezes a história". Lula disse segunda-feira em entrevista que iria cobrar de Berzoini uma posição sobre o assunto, demonstrando que não queria mais ouvir falar em terceiro mandato. Para manter a pose, o presidente do PT negou que tenha sido enquadrado por Lula e disse que esteve no gabinete do terceiro andar do Planalto apenas para "conversar". O deputado afirmou que o debate é "extemporâneo" e "inventado". Na entrevista que foi obrigado a conceder, Berzoini disse que o 3º Congresso do PT, entre agosto e setembro deste ano, não se posicionou a favor de mais um mandato para o presidente. "Entendemos que a alternância do poder é importante para a democracia", disse. A um comentário de que Lula estava gostando da idéia, o presidente do PT riu: "Vocês é que gostaram, pois tinham matérias e leads". Quem também se encontrou com Lula e teve de dar entrevista foi o deputado e amigo pessoal do presidente Devanir Ribeiro (PT-SP), autor da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que daria ao presidente o direito de convocar plebiscitos sobre vários assuntos, como por exemplo, um terceiro mandato. De acordo com Chinaglia, Lula deixou claro que o deputado Devanir Ribeiro estava errado, mas o presidente não teria sido agressivo. Lula lembrou, segundo Chinaglia, que poderia ter ficado anos na presidência do PT, por exemplo, e não quis. "Se você (Devanir) disser que não combinou comigo, mesmo os que sabem disso vão fingir que não acreditam", teria afirmado o presidente no encontro. "Todo mundo vai dizer você combinou comigo", disse Lula ao deputado. "Nunca falei em terceiro turno", afirmou Devanir, se referindo a terceiro mandato. "Isso é invenção da mídia". Ribeiro afirmou que nunca propôs a permanência de Lula até 2014. "Chegaram ao ouvido do presidente algumas coisas que não batiam com a verdade ou com aquilo que eu penso", disse, sem esconder o constrangimento. O deputado estava empenhado na proposta de garantir mais quatro anos de poder para Lula. "Sempre defendi que o presidente tem o direito de convocar plebiscitos", afirmou. "Agora, é lógico que eu, o presidente, o meu partido e a nossa bancada somos contra o terceiro mandato", completou. "De fato, sou amigo do presidente, mas não posso faltar com a verdade com o meu presidente. Então comuniquei a ele, ele entendeu a minha proposta". Questionado sobre a demora em apresentar a posição oficial do PT sobre o terceiro mandato, Berzoini disse que o partido não precisava dizer o que não estava escrito. "Não há razão nenhuma, a partir do pensamento do PT, para se supor qualquer idéia desse tipo", afirmou. Uma repórter perguntou: o senhor garante que o partido não vai apresentar mais a proposta? "Você pode interpretar o que você quiser, eu não faço qualquer tipo de ilação a partir daquilo que não está escrito". Fonte: Tribuna da Imprensa OnlineMantendo a pose
quarta-feira, 7 de novembro de 2007
Lula determina fim da polêmica sobre 3º mandato
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