O primeiro time de ministros nomeado por Dilma Rousseff revelou-se um fia$co. Caíram sete, seis deles envoltos em suspeitas de corrupção.
A grossa maioria dos auxiliares micados veio da gestão Lula. Dilma conhecia-os todos. Ainda assim, nomeou-os. Livrou-se deles por pressão, não por precaução.
A despeito de tudo, Dilma chega ao último Ibope do seu primeiro ano com o governo mais bem avaliado (56%) que os de Lula (41%) e FHC (43%) na mesma fase.
Considerando-se o desempenho pessoal, a popularidade de Dilma alça à casa dos 72%. De novo, ela aparece mais bem posta que os antecessores.
Ao final de 2003, Lula era bem visto por 66% dos brasileiros. FHC amelhou 57% de aprovação no final de 1995, seu primeiro ano na Presidência.
Só a falta de curiosidade do brasileiro explica que o Ibope de Dilma tenha crescido nos últimos três meses.
Desde setembro, o índice de aprovação do governo subiu cinco pontos. Foi de 51% para os atuais 56%. E a taxa pessoal de Dilma oscilou de 71% para 72%.
Se fosse minimamente curiosa, a platéia perguntaria aos seus botões: que diabo de gerente era Dilma que não enxergou a podridão infiltrada na gestão Lula?
Ou ainda: onde Dilma estava com a cabeça quando admitiu o monturo de malfeitores no seu time de ministros?
Mas o brasileiro está noutra. Um pedaço da sociedade (28%) nem se lembra do noticiário sobre corrupção que eletrificaram a Esplanada.
A roubalheira só interessa a jornalistas e à oposição, eis a evidência que salta da pesquisa. A imprensa, por dever de ofício, continuará imprensando.
E quanto à oposição? Bem, a sondagem informa os antagonistas de Dilma desperdiçam seu tempo. Adicionar raiva à receita nunca foi tão fácil. E nunca tão inútil.
O discurso entra por um ouvido e sai pelo outro. O pedaço das galerias que se interessa ouve um tucano criticando Dilma pela aliança com ladravazes.
Depois, olha para o retrovisor e enxerga os operadores da Era FHC em conciliábulos com a mesma turma de salteadores.
Na sequência, o sujeito repara ao redor. A maioria vê o crediário em dia, o Bolsa Família entrando na conta e a geladeira abastecida. A moralidade vira resto.
Suponha que a crise mastigue parte da sensação de prosperidade nos três anos que restam a Dilma.
Nessa hipótese, na hora em que faltar dinheiro e a conta de luz começar a atrasar, o brasileiro buscará alguém que lhe ofereça esperança, não raiva.
Quer dizer: se tudo der mais ou menos certo para Dilma, a reeleição está no embornal. Se tudo der errado, o eleitorado talvez enxergue em Lula uma re-opção.
À oposição já não basta se opor. Se quiser virar alternativa, terá de reler a história com alguma dose de inteligência.
No Brasil, dois políticos chegaram à Presidência cavalgando a raiva: Janio Quadros e Fernando Collor. Ambos resultaram em desastres.
Lula só triunfou depois de se livrar do discurso envenenado que lhe rendera três derrotas.
Antes, o país encantara-se, em 19884, com Tancredo Neves. Embora eleito por via indireta, o velho lobo foi chorado nas ruas porque via-se nele a esperança.
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