Para o presidente Lula ler e meditar
Lula pode estar mesmo com alto índice de popularidade. Acostumados a errar, os institutos parece que acertaram desta vez: o presidente teria ultrapassado todos os índices de aprovação, domina a nobreza, o clero e o povo.
De que adianta isso? Para que serve a popularidade, num regime capitalista-democrático? Para a conquista de mais Poder? Ou para utilizar o já conquistado e servir a comunidade? Nem uma coisa nem outra, tudo precisa passar pelo liquidificador da análise.
E nesse processo de análise-interpretação, nada se perde, tudo se transforma, mais jamais em benefício do povo, da massa, da coletividade. O povo, que é a alavanca da produção, não é favorecido com a distribuição. Os que mandam em tudo têm uma convicção arraigada: a distribuição compromete e ameaça o capitalismo.
Por isso, quando surge algum regime ou sistema que “ameaça” com nova distribuição da riqueza (produção), são logo rotulados como revolucionários. Por trás dessa identificação, o capitalismo todo-poderoso, que se insurge contra o que chama de “revolução”. E garante que fala em nome e em defesa do povo.
O capitalismo tem suas regras, seu modo de agir, seus medos, suas teorias e suas formas de combater. Está sempre no Poder, não apenas por ambição, mas por necessidade. E nesse jogo que dura uma eternidade, tem seus ídolos, seus ódios e suas paixões.
São sempre citados. De um lado, Marx, do outro Maquiavel, embora sejam mais citados do que lidos. Outros, mais sábios e estudiosos, preferem colocar nos seus devaneios, Marx e Jesus Cristo, o que transforma Maquiavel num personagem de menor importância. Ou seja: da política ocasional, opcional, eventual.
90 por cento dos medíocres políticos brasileiros são chamado de “maquiavélicos” porque fazem carreira enganando a todos. Vide Cesar Maia, Tião Viana, Sérgio Cabral, Aldo Rebelo, Michel Temer, Geddel Vieira, Orestes Quércia e mais e mais. O que fizeram pelo povo, pela comunidade, pela democracia?
A popularidade é sempre ocasional, não cria obrigatoriamente credibilidade, nem gera continuidade. Que é o que interessa ao nosso personagem principal, Luiz Inácio Lula da Silva. Sem credibilidade e sem a imaginária continuidade, Lula pergunta a si mesmo: “De que adianta POPULARIDADE, se temos que ir para casa?”
Suas convicções também sofrem mutações. Apesar de se julgar infalível (“meu governo fez mais do que todos os outros juntos”), Lula tem lampejos de intuições e superstições (não as mesmas de Napoleão, mas muito semelhantes) e começa a desconfiar dessa eternidade do poder. Para ele ou para alguém indicado por ele.
Em determinado momento da caminhada, Lula se jactava, que palavra, do terceiro mandato seguido, quase infalível. Mas 1 ano depois, disse ao Montenegro do Ibope: “Não quero o terceiro mandato seguido, de modo algum”. O dono do Ibope acreditou e exagerou nos números e na certeza de que Lula não queria mesmo.
Agora as coisas estão todas com sinais trocados, Lula já considera que o terceiro mandato seguido para ele é mais do que intuição, é uma determinação divina. Convencido disso, voltou a fazer o que faz de melhor: exaltar a si mesmo. E se não deixou um momento sequer de se empolgar, não pensava mais em continuidade. Agora, a continuidade é a alavanca e a forja da popularidade e da credibilidade. Para ele.
PS – Estamos agora diante daquele Lula no meio do primeiro mandato, que foi ao Gabão e voltou magnetizado: “Que coisa, o presidente está há 38 anos no Poder”.
PS 2 – Sua satisfação era visível e gloriosa. É razoável estabelecer comparação do distante Gabão ao presente Brasil? Não avancemos. Até 2010, muita coisa acontecerá.
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