Fala da presidente em cadeia nacional foi dedicada ao Dia do Trabalho.
Ela também anunciou programa 'Brasil sem Miséria', contra pobreza extrema.
Dilma durante gravação do pronunciamento sobre
Dia do Trabalho (Foto: Roberto Stuckert Filho /
Presidência)
Dia do Trabalho (Foto: Roberto Stuckert Filho /
Presidência)
A presidente Dilma Rousseff afirmou na noite desta sexta (29), em pronunciamento em cadeia nacional de TV dedicado ao Dia do Trabalho, que vai “jogar duro” contra a inflação. Ela também anunciou que lançará "nas próximas semanas” o programa "Brasil sem Miséria", destinado a erradicar a pobreza extrema, proposta da presidente na campanha eleitoral.
O pronunciamento também seria transmitido em cadeia de rádio, mas, por um "erro técnico", segundo a assessoria da Presidência, foi ao ar uma fala de Dilma de fevereiro, sobre educação.
Na fala oficial, Dilma afirmou que, além de gerar empregos, o governo precisa garantir a estabilidade dos preços.
“Tão importante quanto garantir o emprego é garantir o poder de compra do salário, para que o trabalhador e a trabalhadora possam colocar boa comida na mesa, comprar sua geladeira nova, sua televisão e o seu carrinho. Garantir o poder de compra do salário significa jogar duro contra a inflação”, afirmou.
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De acordo com a presidente, o Brasil está preparado para responder às pressões inflacionárias e desafios como escassez de mão de obra e gargalos na infraestrutura.“Tenha certeza: assim como fomos um dos países que melhor reagiu à crise financeira internacional, estamos preparados para enfrentar pressões inflacionárias que rondam, no momento, a economia mundial.”
A presidente também voltou a dizer que os problemas enfrentados no país hoje são decorrentes do desenvolvimento da economia. “Feliz de um país que tem desafios gerados pelo crescimento, no momento em que grande parte do mundo vive a estagnação e o desemprego. Feliz de um país que está alerta e tem instrumentos para responder, sem titubear, a cada um desses desafios”, disse.
Segundo Dilma, o governo está incentivando o aumento de investimento e a competitividade no setor produtivo, tanto na indústria como no campo. “Estamos atentos aos mínimos detalhes da economia e buscando, na hora certa, soluções para os problemas”, afirmou.
‘Brasil sem Miséria’
A presidente afirmou que o maior desafio do Brasil é acabar com a extrema pobreza e anunciou o nome do programa que terá prioridade nos seus quatro anos de mandato.
“Convoco todos os brasileiros, sem exceção, para vencermos juntos a batalha contra a miséria. Essa á uma grande bandeira do meu governo. Nas próximas semanas, daremos um passo importante para concretizá-la com o lançamento do programa Brasil sem Miséria”, disse.
De acordo com a presidente, o novo projeto vai “articular e integrar novos e antigos programas sociais, ampliar recursos e oportunidades e mobilizar todos os setores da sociedade para a luta decisiva de acabar com a pobreza extrema”.
Dilma afirmou que os principais programas iniciados na gestão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva não vão parar. “Nossos grandes programas de infraestrutura econômica, como o PAC [Programa de Aceleração do Crescimento], e de infraestrutura social, como o Minha Casa, Minha Vida, seguirão sem interrupções.”
Classe média
No pronunciamento, que durou mais de nove minutos, Dilma também disse que o governo tem compromisso com a classe média.
Segundo ela, ações como o Programa Nacional de Acesso à Escola Técnica (Pronatec), que prevê bolsas e financiamento para capacitação profissional, além da oferta de bolsas para jovens de baixa renda em universidades estrangeiras, ajudarão a melhorar a qualidade de vida dos brasileiros de renda média.
“São iniciativas que demonstram o compromisso especial que nosso governo tem com os pobres e com a classe média. Com os pobres, para garantir que subam na vida. Com a classe média, para garantir que seu padrão de vida melhore ainda mais”, disse.
Veja abaixo a íntegra do pronunciamento:
"Pronunciamento à nação da Presidenta da República, Dilma Rousseff, em cadeia nacional de rádio e TV sobre o Dia do Trabalho
Brasília-DF, 29 de abril de 2011
Queridas brasileiras e queridos brasileiros,
Mais uma vez o Brasil vai festejar o 1º de Maio da forma como este dia deve ser comemorado: com crescimento do emprego e da renda, com economia sólida, e pleno de esperança no futuro. Isso porque, na medida em que o emprego e o salário aumentam, a desigualdade diminui e o país continua avançando sem retrocessos.
Mesmo os brasileiros que mais precisam de apoio sentem que dias melhores estão chegando. E há motivos concretos para esta esperança porque, no Brasil, estabilidade, crescimento e distribuição de renda, combate à inflação e, principalmente, combate à miséria são, de fato, políticas permanentes; porque, no Brasil, respeito à democracia, aos direitos humanos e às liberdades – entre elas a liberdade sindical – são compromissos sagrados.
No nosso país, a balança da justiça social está mais próxima do seu ponto de equilíbrio, mas os pratos desta balança só estarão plenamente equilibrados quando houver menos peso sobre os pobres e sobre a classe média. Este dia - tenham certeza - nós todos vamos ver chegar. Na verdade, muitas coisas já estamos vendo acontecer.
Com orgulho, nós, brasileiros, já vemos que nosso país se firma não apenas como uma das principais economias do planeta, mas, também, como o criador de um modelo de políticas sociais modernas, que ajuda a consolidar uma das maiores democracias do mundo atual.
Vemos que o Brasil começa a realizar uma parte do grande sonho brasileiro, o sonho dos nossos poetas, pensadores e visionários; o sonho de um país independente, tolerante, fiel aos valores morais e símbolo de trabalho, alegria e fraternidade para o mundo. É hora de ampliarmos este sonho e, para isso, precisamos vencer vários desafios.
Queridas brasileiras e queridos brasileiros,
O crescimento traz inúmeros desafios. Um deles é formar mão de obra especializada para suprir a oferta de emprego qualificado. Outro desafio é melhorar a infraestrutura, para que esse crescimento flua mais rapidamente. Um outro é crescer de forma harmônica e sustentável, sem gerar inflação ou outros tipos de desequilíbrio. Mas o maior de todos os desafios é não deixar milhões de brasileiros fora dessa era de prosperidade que se amplia e se consolida.
Feliz de um país que tem desafios gerados pelo crescimento, no momento em que grande parte do mundo vive a estagnação e o desemprego. Feliz de um país que está alerta e tem instrumentos para responder, sem titubear, a cada um desses desafios.
Para ajudar a qualificar nossos jovens e trabalhadores, lançamos ontem o Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego – o Pronatec – cuja meta é capacitar para o trabalho aproximadamente oito milhões de brasileiros nos próximos quatro anos. Mais que um programa educacional, quero que o Pronatec seja uma usina de oportunidades. Ele vai beneficiar estudantes do ensino médio; vai ajudar trabalhadores desempregados a recomeçarem a vida profissional; e vai abrir as portas do mercado de trabalho para que milhares de brasileiros possam deixar mais rápido o Bolsa Família.
Para isso, entre outras coisas, vamos ampliar a rede federal de educação profissionalizante, criando mais 200 novas escolas técnicas federais, e vamos apoiar fortemente as redes estaduais. Em paralelo, vamos reforçar o Sistema S – por exemplo, as escolas e cursos do Senai e do Senac.
O Pronatec é ferramenta de construção do futuro, mas seus resultados serão percebidos imediatamente.
Vale destacar uma novidade: a partir de agora, as empresas que desejarem, receberão empréstimos do governo, com juros baixos, para custear cursos de formação para seus empregados.
Neste grande esforço de qualificação de mão de obra, vamos também lançar um programa de bolsas para estudantes brasileiros nos exterior. Nossa meta é oferecer, nos próximos quatro anos, pelo menos 75 mil bolsas de estudos, em universidades estrangeiras de qualidade.
São programas que beneficiarão tanto os mais pobres como os filhos da classe média, que cresce vigorosa em nosso país. São iniciativas que demonstram o compromisso especial que nosso governo tem com os pobres e com a classe média. Com os pobres, para garantir que subam na vida; com a classe média, para garantir que seu padrão de vida melhore ainda mais.
Trabalhadoras e trabalhadores,
O crescimento do emprego e da renda é uma realidade concreta nesse novo Brasil que juntos estamos construindo. Estamos criando uma média de 195 mil novos empregos por mês, e a massa de salários teve um ganho real de 6,7% nos últimos 12 meses.
Tão importante quanto garantir o emprego é garantir o poder de compra do salário, para que o trabalhador e a trabalhadora possam colocar boa comida na mesa, comprar sua geladeira nova, sua televisão e o seu carrinho. Garantir o poder de compra do salário significa jogar duro contra a inflação. Esse é um dos fundamentos da nossa política econômica, e dele jamais abriremos mão. Estamos, por exemplo, melhorando a qualidade do gasto público, com o desafio de fazer mais e melhor com menos recursos.
Estamos trabalhando para resolver problemas estruturais como os gargalos de infraestrutura e as distorções no sistema tributário, que aumentam nossos custos de produção.
Estamos também incentivando o aumento de investimento e a competitividade do nosso setor produtivo, tanto da indústria como no campo. Ou seja, estamos atentos aos mínimos detalhes da economia e buscando, na hora certa, soluções para os problemas.
Por isso, tenha a certeza: assim como fomos um dos países que melhor reagiu à crise financeira internacional, estamos preparados para enfrentar as pressões inflacionárias que rondam, no momento, a economia mundial.
Queridas brasileiras e queridos brasileiros,
Nada vai conseguir deter a marcha harmônica do Brasil para o futuro. Nossos grandes programas de infraestrutura econômica, como o PAC, e de infraestrutura social, como o Minha Casa, Minha Vida, seguirão sem interrupções. Eles serão aperfeiçoados, ampliados e complementados por novos programas, alguns já lançados, outros em fase de lançamento.
Porém, a mais desafiadora meta, que o Brasil ainda está por alcançar, é o fim da miséria, a erradicação da pobreza extrema.
Por isso, neste 1º de Maio, quando renovo o compromisso com vocês, trabalhadores brasileiros, de continuar a política de valorização do salário mínimo e de manter e ampliar suas conquistas trabalhistas, digo também que é a hora de olharmos com um carinho todo especial para nossos irmãos que ainda não entraram no mercado de trabalho.
Convoco todos os brasileiros, sem exceção, para vencermos juntos a batalha contra a miséria. Essa é uma grande bandeira do meu governo. Nas próximas semanas, daremos um passo importante para concretizá-la com o lançamento do programa Brasil sem Miséria. Ele vai articular e integrar novos e antigos programas sociais, ampliar recursos e oportunidades e, muito especialmente, mobilizar todos os setores da sociedade para a luta decisiva de acabar com a pobreza extrema em nosso país.
O Brasil já é um país grande, de povo forte e economia pujante, mas só seremos um país verdadeiramente rico e feliz quando formos um país sem pobreza com as famílias podendo subir na vida. "
O Brasil vai realizar esse grande sonho coletivo e ele vai concretizar os sonhos de milhões de brasileiros que ainda esperam por uma chance na margem do caminho. Essa estrada é de todos e vamos trilhá-la bem juntos.
Viva o 1º de Maio! Viva o trabalho! Viva o trabalhador brasileiro!"
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