Governo Dilma quer 'paz política', diz ministro sobre impeachment
Edinho Silva (Comunicação Social) criticou tese de impeachment.
Presidente da Câmara deve analisar pedidos de afastamento de Dilma.
Integrante do núcleo político do governo, Edinho Silva é um dos conselheiros de Dilma e defende que o governo dialogue com setores oposicionistas. Para ele, o impeachment trata-se de questão jurídica e não se pode querer “paralisar” o país em razão de “contradições políticas” entre o governo e quem o critica.
“É importante tratarmos que o impeachment é uma questão jurídica. O Brasil não pode resolver suas questões políticas, suas divergências políticas com a ruptura institucional. O impeachment só se justifica se há fundamento jurídico e não há fundamento jurídico”, disse.
“Se temos problemas políticos, vamos resolvê-los com diálogo, superação de contradições, debate entre oposição e governo. Mas não podemos paralisar o país por conta de uma contradição política defendendo o impeachment”, acrescentou.
Embora o presidente da Câmara, deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), já tenha rejeitado seis pedidos de impeachment de Dilma, há outros sob a mesa do peemedebista, um deles assinado pelos juristas Hélio Bicudo, Janaína Paschoal e Miguel Reale Jr. Sobre esse pedido, a expectativa é que Cunha tome uma decisão ainda nesta semana.
Diante da possibilidade de o presidente da Câmara aceitá-lo, Dilma se reuniu com ministros nesta segunda (12) para definir quais estratégias adotar. Além disso, nesta terça, pela manhã, a presidente chamou ao Palácio do Planalto os integrantes da coordenação política – formada pelo vice-presidente Michel Temer e por 11 ministros de sete partidos – para discutir possíveis cenários e reações do governo.
Após o encontro, Edinho Silva disse em entrevista coletiva que o Brasil deve dar exemplo ao mundo de “maturidade política” e de um país que zela por suas instituições, tem capacidade de diálogo, supera suas diferenças políticas e constrói agenda que leve o país a atender aos interesses da população.
“O que nós queremos, para que a sociedade brasileira entenda, o governo da presidenta Dilma quer governo, servir aos interesses do povo brasileiro e trabalhar para tirar o Brasil dessa situação de dificuldade. O governo da presidenta Dilma quer paz política, quer estabilidade política e vai dialogar com as lideranças políticas do país para que, se tiver divergência – até porque nós não precisamos pensar igual –, essas divergências não paralisem o país”, declarou.
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Ao comentar as decisões dos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) Teori Zavascki e Rosa Weber de suspender o andamento dos processos de impeachment de Dilma na Câmara com base no rito definido por Eduardo Cunha, Edinho Silva destacou que “esta foi uma iniciativa dos parlamentares”.
“Claro que os parlamentares têm os motivos para tomar essa iniciativa jurídica e o Supremo, evidentemente, também teve, certamente, seus motivos para ter aceito neste momento os argumentos apresentados. […] Mas foi uma iniciativa parlamentar e não cabe ao governo opinar”, disse.
“O governo entende que o impeachment é uma questão jurídica, com fundamentos jurídicos. Nós não podemos – num país que construiu sua democracia, que lutou décadas para que tivéssemos um ambiente democrático, que tivéssemos instituições que zelem pela democracia – tratar questões políticas, divergências políticas, diferenças de projeto colocando em risco nossa estabilidade institucional”, enfatizou.
Ao dizer que o governo está “de portas abertas” para iniciar o “processo de diálogo” com as diferentes lideranças políticas do país, incluindo de setores da oposição, Edinho Silva disse que não se pode transformar divergências políticas em "guerra fratricida".
“Isso não precisa se tornar uma guerra fratricida, nós não precisamos paralisar o país ou paralisar os interesses do povo brasileiro. Então, vamos resolver nossos problemas com diálogo, vamos superar nossas contradições com diálogo e enxergar, acima de quaisquer outros interesses, os interesses do povo brasileiro", afirmou.
Edinho Silva deu entrevista coletiva no Palácio do Planalto após reunião de coordenação política (Foto: Filipe Matoso/G1)
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