sábado, 3 de outubro de 2015

Dilma troca ministros, dá mais poder ao PMDB e chama indicados por Lula

No saldo da reforma ministerial, ficaram 31 dos 39 ministérios.
Jaques Wagner, do PT, foi para a Casa Civil e Aldo Rebelo na Defesa.

William Waack / Geiza Duarte São Paulo, SP / Brasília, DF
E o ex-presidente Lula foi um dos principais inspiradores da reforma ministerial anunciada na sexta-feira (2) pela presidente Dilma. Para se segurar no Congresso, ela deu deu mais ministérios ao PMDB e tirou do PT. Ficaram 31 dos 39 ministérios. Com a reforma, o número de ministérios do PT caiu de 13 para nove. O PMDB passou de seis para sete. Entre as mudanças de maior destaque estão: na Casa Civil, onde entra Jaques Wagner, do PT, até agora na Defesa. Aldo Rebelo, do PC do B, assume o Ministério da Defesa. Celso Pansera, do PMDB, aliado do presidente da Câmara Eduardo Cunha é o novo ministro da Ciência e Tecnologia. Na Saúde entra Marcelo Castro, do PMDB. Houve várias fusões de ministérios e secretarias. Em uma das principais entra Miguel Rossetto, do PT, no Ministério do Trabalho, que inclui agora também o Ministério da Previdência. Ricardo Berzoini, do PT, até agora nas Comunicações, passa a comandar a Secretaria de Governo, que incorporou as Secretarias da Micro e Pequena Empresa, das Relações Institucionais e da Segurança Institucional. O PMDB cresceu nessa mudança de ministérios, mas há outras igualmente importantes. Saiu de dentro do Palácio do Planalto o ministro da Casa Civil, Aloizio Mercadante, escolhido por Dilma Rousseff. E vem para dentro do Planalto Jaques Wagner, na Casa Civil, e Berzoini, em uma função de coordenação política na Secretaria de Governo. São homens escolhidos pelo ex-presidente Lula, que divide agora com o PMDB a missão de recuperar o governo Dilma. O ex-presidente e o PMDB são os responsáveis por tentar fazer com que o governo Dilma tenha mais apoio na base do Congresso. Será que eles conseguem? REPERCUSSÃO NO CONGRESSO O novo ministro da Saúde já chegou falando em CPMF. Marcelo Castro propõe que a alíquota de 0,2% seja cobrada não só nas operações de débito, mas também no crédito. Ou seja, da pessoa que faz um pagamento e também de quem recebe. Nas contas dele, essa nova fórmula poderia dobrar a arrecadação prevista e aí daria para dividir o bolo com estados e municípios. “Vamos levar um volume de recursos muito grande para os estados e municípios e oxigenar e procurar resolver de uma maneira civilizada. Tenho certeza que a sociedade brasileira será sensível a isso”, declara Marcelo Castro, ministro da Saúde. Para a oposição, a recriação do imposto por si só já vai enfrentar resistência no Congresso, ampliado então seria um peso maior para o contribuinte. Agripino Maia avalia que a reforma ministerial da presidente Dilma não traz mudanças significativas.  “No tempo de crise ética, econômica e política violentíssimas, exigindo ministérios da salvação nacional, ela montou um ministério de salvação pessoal parao mandato dela”, diz o senador Agripino Maia (DEM/RN), vice-líder do partido no Senado.

O líder do governo diz que as mudanças no ministério fortalecem a base governista no congresso, mas reconhece que ainda vai ser preciso melhorar o diálogo.
“Eu penso que é um grande passo. Muito diálogo daqui para frente, mas é uma sinalização importante para o país, para sinalizar que há estabilidade política que isso vai ajudar inclusive a retomada do crescimento da economia brasileira”, afiram o deputado José Guimarães (PT/CE), líder do governo na Câmara. A redução de ministérios foi menor que o esperado. Em vez de dez, o governo cortou oito pastas. Na solenidade, no Palácio do Planalto, a presidente Dilma Rousseff falou em melhorar a gestão pública e modernizar a gestão pública. Ela começou prometendo cortar em 10% o próprio salário, o do vice-presidente e dos ministros. O objetivo das medidas administrativas é reduzir em até 20% os gastos com custeio e serviços terceirizados. Para isso, o governo vai criar um limite de gastos com telefone, passagens aéreas e diárias, vai rever contratos de aluguel e vigilância, além de criar um central de carros em cada ministério para diminuir a frota. A presidente reconheceu que é preciso consertar erros e disse que fez a reforma política para buscar o apoio da maioria no Congresso. "Para implementar os compromissos que assumi com a população, para fazer os ajustes que a crise nos impõe, para manter o Brasil na rota do desenvolvimento e criar mais e melhores empregos e oportunidade para todos os brasileiros e as brasileiras”, declara a presidente Dilma Rousseff.  
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