Ministro nega uso de dinheiro da Petrobras na campanha de Dilma
O ministro da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República (Secom), Edinho Silva, negou nesta quinta-feira, em depoimento à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Crimes Cibernéticos, o uso de dinheiro desviado da Petrobras na campanha eleitoral da presidente Dilma Rousseff no ano passado.O assunto, apesar de não ser objeto da CPI, foi abordado pelo deputado Daniel Coelho (PSDB-PE) e a pergunta provocou discussão entre deputados do governo e da oposição. Coelho também perguntou sobre o envolvimento da Secom em gastos de publicidade de órgãos do governo, como o Ministério da Saúde: “A Secom tem ingerência nas campanhas de empresas como o Banco do Brasil, a Caixa Econômica Federal e o Ministério da Saúde, já que o ex-deputado André Vargas foi condenado a 14 anos de prisão por intermediar a contratação de empresas de publicidade pelo ministério?”
O deputado fez outras perguntas. “E o pagamento de R$ 120 mil a sites favoráveis ao governo, como o Brasil 247, como relatado pelo empresário Milton Pascovitch, investigado pela Operação Lava Jato?” perguntou.
O deputado Leo de Brito (PT-AC), vice-presidente da CPI, interrompeu o deputado Daniel Coelho, alegando que esses assuntos não fazem parte do objeto da CPI. “Não admito que censurem as minhas perguntas. O ministro é convidado, não está sendo ouvido como investigado e responde se quiser”, reagiu Coelho, que disse que dinheiro “roubado” da Petrobras foi parar nas contas da campanha da presidente.
Ex-tesoureiro da campanha de Dilma no ano passado, o ministro foi citado pelo empreiteiro Ricardo Pessoa, da UTC, em depoimento de sua delação premiada. De acordo com Pessoa, Edinho teria cobrado doações em troca de contratos da UTC com o governo.
O ministro negou irregularidades na campanha presidencial e disse que a Secom não tem ingerência direta nas campanhas dos demais órgãos do governo. “Tenho a honra de ter sido coordenador financeiro da campanha da presidenta Dilma e todo o meu trabalho foi feito dentro da lei e da ética. Tenho convicção do que fiz e de que em nenhum momento a campanha fugiu do que determina a lei”, disse.
Publicidade para pirataria
O ministro também negou ter conhecimento da existência de anúncios oficiais do Executivo em sites suspeitos de oferecer serviços de pirataria. O sub-relator da CPI para a área de publicidade na internet, deputado Sandro Alex (PPS-PR), exibiu anúncios do governo federal – como Pátria Educadora e programa de logística – em sites que permitem o download de filmes, alguns ainda em exibição nos cinemas. Sandro Alex mostrou anúncios de empresas privadas, como Ford e Dell, nos mesmos sites.
“Vamos chamar aqui a Polícia Federal para, em reunião fechada, saber se existem processos ou investigações em andamento sobre esses sites e pedir a prisão dos donos”, disse o deputado.
Ele anunciou também outras medidas, como a proposta, pela CPI, de um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) para que instituições públicas e privadas deixem de anunciar em sites piratas. “Essa pirataria, segundo estudos, causa um prejuízo de R$ 4 bilhões por ano”, disse.
O ministro parabenizou o deputado por ter identificado os anúncios. “Esse trabalho vai balizar toda uma reformulação na legislação brasileira”, disse Edinho Silva. “O governo não compactua com esse tipo de prática; vamos fazer uma reunião na secretaria para aprimorar a metodologia de fiscalização”, completou.
Ele admitiu a possibilidade de esses sites usarem indevidamente marcas do governo e prometeu apurar o caso.
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